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Escalar é preciso

 
           Achei que iria passar somente alguns dias do fim do ano em casa, e acabei passando quase 4 meses animado, trabalhando nos novos projetos. Viajar tem dessas coisas... inspira a realizar seus sonhos. Conhecendo pessoas, abrindo a cabeça pra novas realidades, trocando informações. A gente acaba valorizando o que temos no nosso canto. E é sempre muito bom estar com as pessoas que a gente ama. Só não podia entrar demais nessa zona de conforto... o pé coçou e decidi retornar para a estrada.
            Há um tempo atrás, havia combinado com o Robson Fromholz, um grande amigo companheiro de escalada a passar a páscoa na Serra do Cipó. Lá tem vias esportivas alucinante, e ele já havia combinado com sua companheira, Patrícia Soga e mais duas amigas: Juliana Dias e Camila Gulak. Achei que retornaria logo para o pedal e estaria passando por ali de bike. Ele botou pilha e eu dei certeza. Acabou que algumas coisas mudaram e eu passei bastante tempo em casa, não voltei para o pedal como previa.
              Foi chegando a páscoa e eu ainda estava em PVH. Mas meu desejo era tão grande de rever esses amigos, que minha tia que eu amo e me apoia muito, sem saber, me presenteou com uma passagem até Goiania para o dia 02 de abril. Estava um pouco longe da Serra do Cipó ainda, mas bem mais perto que PVH, rs. E ainda poderia rever o Léo e a Fabi, que me deram carona de volta na última viagem, pois já estavam morando lá e agora com uma nova alma.. Sandrinha, a mais nova membra da família e estava ansioso para conhece-la. 
 
Brasília - Conexões e Reecontros

             Ainda não sabia como seria para chegar no Cipó mas deixei fluir. Na conexão em Brasília ainda tive oportunidade de encontrar meu brother Daniel Medeiros (Jack). Fiquei 5 horas em BSB, e deu tempo de dar uma volta na cidade, tomar um café e trocar algumas ideias. Já fazia 2 anos desde o último encontro e várias coisas aconteceram de lá pra cá. Precisava agradecer o apoio que me deu e tentar retribuir um pouco. Um abraço iria dizer mais coisas que palavras. E assim foi.  Ele ainda me emprestou alguns equipos de escalada pois o meu estava na bike me esperando em Cuiabá... rs.
 
Goiania/GO - Nova vida
 
           Quando cheguei em Goiânia, outra alegria, outros irmãos. Léo e Fabi me deixaram muito feliz e tivemos altos papos. Teria que sair na manhã seguinte para pegar a galera que já estava no Cipó. Mas os sentimentos controversos atrapalharam um pouco. Queria ir e queria ficar... e a carona que havia conseguido, melou... a dúvida humana sempre estragando a organização do universo, rs.
             Fiquei mais um dia em Goiania, mas a galera em Minas já estava ficando impaciente comigo... Ainda tinha outra questão... Combinei com Diogo Mesti, um amigo da época da faculdade, de encontrar comigo no Cipó tbm. kkkk. Ele não conhecia ninguém e estava lá me esperando. Apresentei ele ao Robson pelo Whats e acabaram passando o fds sem mim... kkkk quando consegui chegar em BH, domingo de Páscoa de manhã, eles já estavam retornando da Serra do Cipó, todos no mesmo carro. huahauhaua agora eram amigos e podiam me zuar juntos.. Mas acredito que nada é por acaso... e pude assim ficar um tempo mais com Leo, Fabi e Sandrinha. Foi muito bom pra nós.
 
Belo Horizonte e Ouro Preto/MG - Reunindo a galera e turistando
 
                  Em BH, nos encontramos na casa de outro brother que conheci em Rondônia, o Eduardo e a Luciana Souza. Foi bem legal e decidimos q a tarde iríamos para Ouro Preto fazer um Tour... Luciana e Camila precisavam retornar para PVH pois trabalhariam na segunda. E nós seguimos para nosso passeio. Ficamos aquela noite em Ouro Preto, visitando alguns pontos turísticos, e na segunda de manhã foi a vez do Diogo partir. Iria encontrar sua filha em BH. Ficou então, Robson, Paty, Ju e eu. Passamos o dia em Ouro Preto, revivendo um pouco da história. Muitos sentimentos foram despertados... é uma história de muito sangue por trás de tanta beleza naquela pequena cidade histórica mineira. A escavidão, a inconfidência, a ostentação... muita coisa ali serviu novamente de exemplo pra mim.
               No retorno para BH, ainda podemos conversar bastante, rir muito e matar a saudade uns dos outros. São pessoas realmente especiais que estavam comigo... só tenho a agradecer. E ainda me apoiaram muito na viagem... não só psicológicamente como financeiramente. Gratidão pelas vibrações de boa sorte... dava pra sentir eles me acompanhando. De BH, segui para Diamantina de ônibus... onde o Diogo me convidou pra passar uns dias na sua casa. 
 
Diamantina/MG - Ciadade dos boulders
 
                   Foi muito louco deixar fluir... e BINGO... de repente estava em um local cheio de escaladas. Diamantina é uma pequena cidade que nasceu na expoloração mineral para a Coroa Portuguesa. É a última cidade da lendária Estrada Real. Bem no meio da Serra do Espinhaço... Altitudes que variam de 1.000 a 1.600 m (mais alto que o ponto culminante de RO). E queria muito ficar mais tempo com meu irmaozão, o qual temos altos papos filosofais que me ajudam muito no meu modo de pensar. Diogo é filósofo não só de formação (papéis na parede), mas de berço. Desde muito cedo, as perguntas não paravam de borbulhar em sua cabeça. E acho q não haveria melhor carreira pra ele seguir. Lembro de muitas conversas e questionamentos de nossa juventude. Isso não deixou ele parado... se moveu pra achar respostas, e fui lá aprender com ele um pouco disso tudo que ele tanto estudou. Foi muito doido. 
                  De quebra ainda conheci uma galerinha em Diamantina que curte escalada. Uns monstrinhos dos boulders e escaladas esportivas. Vou tentar relatar um pouco como foi esse contato.
           Conhecendo a cidade, passamos no bar "Berola do Gilmar" q rola um rock, e ali mesmo conhecemos Lilian e Vanessa que moram na cidade. Lilian logo me passou o contato de alguns escaladores que conhecia. Rafael (Faras) e Diego (Feto). Entrei em contato com eles mas o tempo não estava ajudando. Quando o sol saiu, na sexta, dia 10 de abril, Faras me enviou o contato de outro escalador... Marcos (Piups) e logo combinamos uma escaladinha ali perto mesmo... no Epil (um setor de boulders dentro da cidade, com algumas escaladas esportivas). Lá encontrei Feto que treinava em um bloco chamado BERÊ... Muito louco... logo combinamos várias escaladas, e no dia seguinte já conheci um novo brother... Felipy (Spirro), outro monstrinho... me levou em outro setor ali perto mesmo... e na sequência outro setor... e pude ver que Diamants é rodeada de rochas para escalar... uma loucura. Isto que nem fomos na Gruta do Salitre, um dos pontos turísticos e com várias escalas. (Vou colocar alguns setores no Mapa)
             Lá, eles também estão se organizando em associação e tentando fortalecer a escalada. Um centrinho de treinamento, também está sendo construído pelo Faras para dar suporte aos treinos e pude participar da inauguração do murinho. Foi muito louca a minha passagem pela cidade. Escalei 9 dos 10 dias seguintes, em vários setores. Foi uma ótima retomada pois estava muito tempo parado, e ainda pude ver o Diogo começar a escalar e sentir os primeiros efeitos desta viagem.
                  No fim, acabei tentando voltar pra BH de carona, pois tinha q pegar um vôo em Confins para o Rio de Janeiro na segunda à tarde (20/04), onde o Robson me esperava para escalar algumas montanhas na beira do mar. Ele foi para o RJ só pra me encontrar e a gente matar a gana de escalar juntos (já que na Serra do Cipó não rolou). Como ele não tinha muito tempo, me botou pressão pra eu tentar remarcar meu vôo para Domingo. Não consegui pois ainda estava em Diams. E passei a tarde tentando carona na saída da cidade, e acabei voltando e pegando um ônibus mesmo. A galera da escalada ainda deu esse apoio de locomoção... Só tenho a agradecer à todos... não lembrarei o nome de todos, mas cada um que conhecia, tinha um mar de experiências para compartilhar. Valeu Diamantina, coloquei na rota pra passar de bike. Agora quero conhecer a Estrada Real toda.
 
Rio de Janeiro/RJ - Escalando as clássicas

                 Passei a noite no ônibus e amanheci na rodoviária de BH. Fui direto para o Aero e consegui mudar o voo para parte da manhã. Cheguei no Rio ao meio dia e o Robson foi me buscar no Aero Santos Dumont, num calor medonho, mas com o equipamento preparado e falando incessantemente "Vamos escalar Italianos" (uma via clássica na face oeste do Pão de Açúcar). Mas o ideal é tentar escalá-la pela manhã, quando não bate Sol. Imaginem o perrengue... Mas vou deixar esse relato pra ele (Robson) contar. Por fim, encontramos o Rafael Damiati (Calango), outro brother que escalava conosco em Rondônia, iríamos ficar hospedados em sua casa e ele acabara de chegar de viagem.
               No dia seguinte (21/04-Tiradentes), ainda assimilando o perrengue da tarde passada, Rafa estava de folga e fomos com o equipamento para o Corcovado, na esperança de escalar a via K2, outra clássica do RJ, com as pernas doendo e em recuperação ainda da aventura passada, estacionamos meio longe o carro... foram uns 5 km caminhando até chegar na base da via, e isso contando com muita sorte e pouca informação. Mas era pra escalar mesmo e este outro perrengue, vou deixar para o Rafa contar.. rs. 
                 Com dois dias e duas cumes em escaladas memoráveis, Robson precisou nos deixar e fiquei na casa do Rafa, na Tijuca, alguns dias esperando Alexandre chegar. Aprendi muito estes dias com Robson, foram experiências alucinantes na parede, mas sua experiência, a nossa positividade e apoio um ao outro foram essenciais para nos trazer de volta de cada aventura.
                   O Rafa havia voltado ao trabalho e fiquei descansando em sua casa e conhecendo um pouco mais do Rio nestes dias. Aproveitei a quinta feira, já descansado, para fazer uma trilha na Floresta da Tijuca e foi uma aventura alucinante. Ao todo... foram mais de 30km caminhando, dois cumes (incluindo o Corcovado novamente) e 8 h de aventuras diretas, até descansar os pés na areia do Leblon e ouvir uma música em uma roda de violao no Arpoador.
                  O Alexandre chegando, na sexta (24/4), fomos logo escalar. Pão de Açucar novamente, só que desta vez, face Leste. Mais tranquilo e tal, mas nem por isso sem perrengue... kkkk foi a escalada mais comprida que fizemos... as vias Heineken e Santos Dumont juntas totalizam mais de 300m de escalada, fora os erros e zig zags que fizemos e acabamos escalando muito mais. Acabamos solando a via Santos Dumont quase toda pois escureceu e os grampos que já eram escondidos no meio dos gravatas, se tornaram impossíveis de achar. Chegamos ao cume já à noite e novamente sem nenhuma lanterna, mas cheios de felicidades... kkkkk 
                      No sábado, o Rafa foi visitar sua familía em São José, eaproveitando o ritmo acelerado, voltamos  para Urca, mas não escalamos... Domingo, foi dia de turistar e comprar um guia da Floresta da Tijuca. Estávamos cansados, e resolvemos estudar melhor as vias que queríamos escalar.
                 Passamos a semana revendo amigos, e escalamos as duas faces da Urca... só para treinar... Face sul - via Arco Íris (setor coloridos) e na face norte, ficamos malhando um 7a até decidir fazer cume por um 4 sup - via (esqueci... rs). Mas foi uma ótima semana escalando e turistando no Rio, até a abertura da temporada de escalada que iria acontecer do dia 1-3 de maio - RIO NAS MONTANHAS. Um evento bem bacana q reuniu muitos escaladores do Brasil e do mundo. 
                   No sábado, dia 02/05, fomos para a URCA de novo, mas a
penas o Rafa escalou, inaugurando sua corda nova com sua amiga, Dani... uma aventureira nata. No domingo decidimos q iriamos tentar o Dedo de Deus, na Serra dos Órgãos, aproveitando a animação e o tempo bom.
                     Saímos cedo do Rio, antes das 5:30h... pois ninguém conhecia o pico. Pegamos alguns betas na internet e seguimos. Estávamos em 4 e iríamos fazer em 2 cordas. Iríamos, pois pegamos informações erradas e acabamos subindo a trilha da Cabeça de Peixe, que fica ao lado do Dedo de Deus. Subimos quase uma hora e meia e ainda encontramos uns escaladores que nos informaram do errro e ainda aconselharam a descer pois estávamos muito pesados para escalar ali (o que foi sacanagem, pois outros disseram q devíamos ter escalado aquele pico mesmo)... e daí desistimos da escalada.... mas foi legal levar o equipamento para dar uma volta e aprender qual é a trilha certa. Na próxima a gente acerta. Não tentamos escalar o Dedo de Deus pois requer um dia inteiro de aventura.. desistimos e fomos para a Urca... assistir a final do Campeonato Brasileiro de Boulders.... Alucidante. Foi lindo
                   Nos dois dias seguintes, foram de concentração e recuperação para enfrentar um outro desafio, outra clássica via do Rio: A Passagem dos Olhos na Pedra da Gávea. Uma das vias com visual mais fantástico q escalei. Escolhemos escalar no dia 6/5 (quarta-feira), dois dias antes da partida do Alexandre, e eu iria embora no sábado. Foi outra experiência linda, com uma aventura perfeita. Td deu na medida. Foi demais.
                     Nestes um pouco mais de 40 dias de reencontros e escaladas, inúmeros detalhes fizeram desta viagem especial. Houve ainda a vontade de voltar para a pedalada na sequência, mas os sinais do Universo me pediam para voltar:
                       "... me mandaram eu voltar, eu estou firme vou trabalhar..."
                          Agora é continuar os projetos que iniciei, refletir sobre o que aconteceu nesses dias e planejar as próximas viagens, e que seja do mesmo jeito que a última, cheio de pessoas maravilhosas, muitas lições e se der, que eu possa ir pedalando e escalando. Namastê _/\_            
          
 
Cuiaba, 27 de dezembro de 2015.
 
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