Entrando no Mato Grosso, sensações diversas estavam presentes. Ansiedade, medo e alegria andavam de mãos dadas. O céu nublado também preocupava um pouco. Já havia fugido de uma chuva na tarde passado, e não queria enfrentar uma logo no começo desse novo desafio, mas segui tranquilamente. Estava indo bem, curtindo as novas paisagens, ora a mata dos dois lados da pista, ora a soja já apresentava a nova paisagem constante de um dos lados. A margem esquerda da pista sempre preservada, era uma reserva indígena, o que me acompanhou até próximo a Comodoro. Não haviam muitos rios, o que deixava o percurso sem muitas subidas e descidas.
No meio da tarde, a chuva que estava prometendo o dia todo, começou a cair de forma fina... o que me preocupava eram os raios que eu ouvia ao longe, e decidi achar um lugar para me abrigar... nos plantios de soja, isso fica mais difícil. Não existem tantas fazendas, geralmente é uma grande fazenda e quilômetros de soja. Fui pedalando na chuva fina mas mudei o lado da pista, pedalando próximo a mata da área indígena, sabendo que ali estaria mais protegido que em campo aberto e calculando a distância dos raios. De repente, quase morro do coração... o clarão e o barulho juntos... olhei para a soja e a fumaça ainda marcava o local que o raio caiu... tremia mais que vara verde... rs... dei uma risada e agradeci por não ter sido em mim. Pedalei mais rápido e avistei uma guarita de um silo da grande fazenda, e ali fiquei me alimentando até passar a chuva.
Continuei mais tranquilo a viagem, de repente, começo a notar o pneu traseiro esvasiando novamente. Aquele trecho tinha um acostamento bacana, mas a quantidade de pedaços de pneus de carreta que estouraram era grande, o que aumenta a possibilidade de furar o pneu da bike. Mas decidi ir enchendo com a bombinha de mão a cada 10 km, até chegar em Comodoro. Percurso que sempre foi aumentando a altitude, que chegou a cota de 730m, e do alto, o vento gelado foi aparecendo e o pôr do sol é sempre muito bonito. Foi um grande presente para o final de um dia cheio.
Passado 117 km, cheguei a um posto próximo a Comodoro onde armei acampamento em um lugar escondido. Dali sairia do eixo principal da BR que sempre sigo de carro rumo a Cuiabá. Tentei arrumar um pneu por ali, mas o borracheiro não trabalhava com bikes. Como estava segurando bem o ar, continuei rumo a Campos de Julio na manhã da quarta-feira (13/11).
A distância até a próxima cidade era 75km, mas me disseram que haveria outra borracharia antes. Com 50km chegaria no Rio Juína, um dos rios indicados pelos bombeiros de Vilhena, e lá teria um local bom para acampar. Resolvi que iria arrumar o pneu lá. Mas quando falei com a mulher que estava na casa que cuidava do acesso ao local indicado, ela não liberou a minha entrada alegando estar sozinha e não podia responder pelo marido. Decidi tomar um banho no rio, ao lado da ponte mesmo, e seguir para Campos de Júlio pois ainda era meio dia.
Enquanto estava no banho, o tempo fechou, e uma chuva com raios se aproximou. Não quis arriscar um novo susto, rs... quando a chuva começou próximo as 13h, decidi me preparar para enfrentá-la, procurei um local seguro e fiquei em posição de raio, na espença de seguir viagem depois que ela passasse. Duas horas na mesma posição, meditando, e raios caindo a cerca de 500m de distância. Teve um que pude ouvir passando pela cerca que estava a uma distância segura. Decidi que não seguiria viagem.
Quando a chuva diminuiu, armei acampamento ali mesmo, mas ela voltava com força, e acabei molhando muitas coisas. Mas o necessário para passar a noite quentinho eu tinha... a roupa do corpo e o saco de dormir secos. Não consegui nem fazer comida naquela noite. Dormi comendo frutas, pão e castanhas.
A chuva foi aliviar apenas às 8h da manha do dia seguinte, mas ainda com o tempo nublado, arrumei as coisas e segui para Campos de Júlio que ficava apenas a 25km. Na saída, notei que agora os 2 pneus estavam furados. O acostamento naquela trecho tbm era bom, mas da mesma forma, cheio de arames de pneus de carreta. Segui enchendo agora os dois, e conseguia andar 4km até a próxima bombeada... rs. A chuva fina ensaiava cair novamente com força, e o vento contra fazia eu pedalar mais forçado, e em meio esse monte de problemas lembrei de uma música e comecei a cantar bem alto HAKUNA MATATA...
"Hakuna Matata
É lindo dizer
Hakuna matata, sim vai entender
Os seus problemas você deve esquecer,
isso é viver,
é aprender.... hakuna matata"
Cantei uns 10 minutos como se ninguém fosse ouvir... Aquilo veio como um fôlego, um ânimo, que meu corpo todo sentiu... ria sozinho em meio aquele mar de soja. Parando e enchendo os pneus com maior prazer. Chegando em Campos de Júlio, arrumei os pneus em uma borracharia e fui almoçar em uma lanchonete ao lado de um posto. Fiz amizade com os que lá trabalhavam e descobri que eram de Ouro Preto do Oeste-RO. Pedi para passar a tarde ali pois a roupa estava toda molhada, precisava secar e o tempo estava instável. Não podia me molhar de novo. E deu certo... passei o dia por ali secando a roupa, e acabei acampando naquele posto mesmo, em frente a lanchonete e a galera lá ainda me ajudou um monte. Fabiano e a família, além de um amigo chamado Paulo, que também é de Ouro Preto e os caminhoneiros, que tbm me orientaram bastante. Todos acabam sentindo que participam um pouco dessa aventura dando uma pequena ajuda. Um grande abraço para essas pessoas generosas. Descansei legal para sair no outro dia até o Rio Papagaio, pois me informaram que lá havia um balneário.
O dia amanheceu meio nublado, arriscando mais chuva. Mas com as roupas secas e protegidas, resolvi seguir. Foi bem tranquila a viagem, com acostamento boa parte do tempo. Logo ao meio dia, estava em Sapezal. Comprei um marmitex pois estava com fome e segui para o balneário que ficava a mais uns 40km. Ao todo, foram 104 km de pedal aquele dia.
Logo que cheguei fiquei encantado com o lugar. Bem cuidado, todo gramado, ao lado do Rio Papagaio, que ali tem sete pequenas quedas de águas mas que fomam um paraíso bem ali, ao lado da rodovia. Lá fui recebido por Neto e Rodrigo, que me permitiram a permanência no local. Rodrigo é um dos filhos de Valdemar Zimmermann, o "Pubi" como era conhecido. Foi ele quem idealizou e construiu boa parte do balneário. Depois de sua partida há dois anos, os filhos se desdobram para continuar a administração do local, e vêm conseguindo progressos, com inovações e idealizando algo a mais que um simples balneário.
Hoje, já conta com uma estrutura de chalés para hospedar pessoas que querem usufruir deste ambiente mais de um dia, com diárias a partir de R$120* o casal. A entrada apenas para o balneário custa R$5 e para camping é cobrado R$15. Tem também um restaurante com uma comida deliciosa com preço bem acessível. É uma ótima opção para quem quer conhecer um pouco mais do Mato Grosso. Lá também oferecem um passeio de Rafting com um percurso de aproximadamente 2:30h de nível médio e o valor do passeio é de R$65/pessoa com o número mínimo de 4 pessoas. O rapel no Salto Utiariti, com mais de 90m também é uma atividade oferecida para grupos, mas devido a cachoeira estar dentro das terras indígenas, a reformulação dos preços para visitação e operação estão em negociação com os índios que administram a entrada dos visitantes. Há também uma pequena trilha dentro da propriedade, e outras em construção nas proximidades. (*valores levantados na data que estive - podem sofrer alterações - contato para confirmações e reservas: 065-3383-5717 - Balneário Pubi)
Depois de um reconhecimento do local, com fotos e um mergulho nas águas do Papagaio, pude notar alguns detalhes. O local criou uma forma de geração de energia que utiliza menos de 3% das águas para abastecer o local. Ainda notei que há uma coleta seletiva de lixo, onde recolhem vidro e alumínio do lixo produzido pelos turistas. O restante é encaminhado para o aterro municipal com a devida autorização da prefeitura. Conversei com Mari que toma conta do bar do balneário e fiquei sabendo que ela era mais uma conterrânea de Porto Velho, trabalhando no Mato Grosso.
Armei acampamento, e como era sábado, não estava acampando só. Tinham mais grupos que passariam a noite ali. Tomei um banho e procurei os proprietários para saber mais do local. Fui apresentado ao Beto, o filho do meio, que me explicou um pouco da história do local e da luta deles. A história das atividades também e do surgimento da H2O Aventuras, a operadora que realiza os passeios e aventuras na área. Disse também da preocupação de conservação da área, assim como tudo o que ela representa para a família. Pensei... "que bom que este paraíso está em boas mãos..."
No domingo (16/11), acordei e ao tomar um café, fui convidado para fazer um Rafting com alguns hóspedes do hotel e pude ver um pouco mais as belezas do local. Conheci Samara, a irmã caçula, que iria nos guiar no passeio. No caminho, fui conversando um pouco mais com Beto, e sabendo também de Matyas, uma outra história que espero poder contar em uma outra oportunidade. Mas no decorrer da conversa, fui sentido que deveria mesmo passar por ali. Me sentia menos sozinho agora, foi algo bem interessante. Me identifiquei bastante, com todos ali... parecia que conhecia de longa data. Talvez pq tbm tenho minhas dificuldades e são parecidas.
O passeio foi muito bom, a água cristalina, as corredeiras, as novas amizades. Tudo é fica melhor quando a gente vai aberto, disposto a conhecer pessoas, lugares, coisas e tentar aprender com tudo. As brincadeiras, os desafios, a flutuação, o contato com a natureza, tudo foi muito bom. Eu recomendo. As fotos irão falar melhor do que minhas palavras. Um abraço aos que participaram do passeio: Nenca, Carlos, Stenio, Eduardo, Gabriel, Wagner (Fofão) e Samara (Guia).Carlos Inácio e Nenca ainda ofereceram estadia em Sorriso caso fosse passar por lá. Trocamos contatos e nos despedios.
No retorno, ainda passei a tarde por ali, Mari me emprestou o fogão para fazer minha comida e ainda ficamos conversando sobre diversas coisas. Passei mais três noites ali, pois além de um ótimo lugar para acampar, queria vivenciar um pouco da rotina daquele local, aprender. Acordar com o barulho da cachoeira era bem melhor que o barulho dos motores dos caminhões dos postos que estava acostumado, e ao entardecer, ver as andorinhas de cachoeiras procurando abrigo em uma dança no ar.. Queria poder ajudar todos ali de algum jeito também, mas não queria atrapalhar.
Na quarta (19/11), arrumei a bike tentei partir após o meio dia, mas o tempo fechou com tempestade elétrica. Beto me convidou para passar aquela noite ali, e nem desarmar a bike. Pude conversar também um pouco mais com dona Shirlei, a mãe. Foi bom ter ficado mais um dia. As conversas com Beto foram todas muito proveitosas, e me ensinaram um bucado. Com Samara também pude conversar um pouco, e aprendi outro tanto. Creio que todos que encontramos, tem algo a nos ensinar, e isso me faz ser muito curioso, rs.
Na quinta, estava com o pensamento de sair cedo, logo depois do café, mas a chuva que caíra a noite toda me fez aprender um pouco mais com a paciência. Meu desejo que ela passasse foi bem tão profundo que acho que Deus sentiu, às onze horas, o céu limpara à leste, direção que seguiria. Me animei, almocei, me despedi de quem pude e segui. Além do apoio de hospedagem e alimentação, Beto ainda quis me auxiliar financeiramente na minha aventura. Agradeci muito, e ainda estou agradecendo. Tinha mais 210 km para percorrer até Tangará da Serra, onde Liceli (uma grande amiga) já me interrogava se eu iria mesmo, de tanta promessa e demora. Deixo aqui meu abraço a todos aqueles que trabalham no Pubi. Adorei os dias que passei por ali e voltarei em breve para mostrar esse lugar para outros amigos.
Segui feliz atravessando a ponte do Rio Papagaio e pegando uma subida para começar bem a pedalada. Teria que atravessar as Terras Indígenas dos Parecis. Logo estava no pedágio que os índios cobram dos carros motorizados que por ali cortam suas terras. Ouvi muitas reclamações das pessoas sobre a cobrança, mas pedalando devagar por estas rodovias, vi a quantidade de animais atropelados pela nossa vontade de chegar logo (antas, tatus, cobras, tamanduás, pássaros e até uma onça parda), vi o quanto uma rodovia causa um impacto em uma área, vi a quantidade de lixo jogado pela janela, ouvi o barulho dos carros e carretas que passam sem se dar conta do estrondo que fazem. Além de invadir uma área com outra cultura, nós ainda julgamos errado eles terem uma cultura diferente. E tudo é justificado pelo mesmo motivo ($$$). Não sou contra o desenvolvimento financeiro, mas sou contra que esse desenvolvimento seja a qualquer custo, como se houvesse uma competição internacional para ver qual o país mais produz. Não sou fã de competições, não mais. Toda vez que penso em uma competição, vejo o quanto nos tornamos mais egoístas. Mas isto falo em outro momento.
Aquela pedalada pela TI foi bem bacana, refleti bastante sobre meus dias ali, andei forte, e ainda fui parado por dois índios (Hélio e Emili) da Aldeia Bacaval, que queriam saber um pouco sobre minha aventura. Com poucas subidas, e acostamento, consegui chegar em Campo Novo dos Parecis próximo às 15:30h, passei em um mercado, reabasteci e decidi seguir. Tinha andado apenas 63 km e queria render mais aquele dia sem chuva, mas sem saber onde passaria a noite. Fui avaliando se haveria chuva, que nesta época costumam cair no fim da tarde, mas fui limpando o pensamento com coisas boas, e com 94 km no dia, cheguei à um vilarejo, um assentamento. Guapirama era o nome, e ali encontrei dois locais (Fábio e Tato) que falaram que poderia ficar em um barracão aberto que a comunidade utilizava para eventos. Ali tinha até um banheiro. Acampei e depois de fazer a janta, fui dormir pensando que no próximo dia, chegaria em Tangará.
No manhã seguinte, forcei um pouco e acabei sentindo uma dorzinha no joelho, mas nada demais, pensava. Segui entre as plantações de soja com um acostamento um pouco sujo, mas ainda bom. Parei em um posto em Itamarati para me alimentar, recarregar o GPS e resolvi encher um pouco mais o pneu. Ao chegar na descida da serra, ali começou meu aperreio. Revisando os freios, notei que estava com um deles avariado, e a serra não tinha acostamento.
Tive que descer curtindo mesmo... bem devagar. No fim dela, a estrada piorou, e uma sequência de morrotes, sem acostamento, fizeram eu forçar ainda mais o joelho, tendo que sair toda hora da pista. Logo, vi q o pneu q enchi demais criou uma barriga. Os buracos e descidas... assim como o peso avariaram ele. Muchei um pouco e a barriga diminuiu. Consegui seguir até a entrada do Salto das Núvens, um local turístico que tem umas quedas d'águas bem bonitas, mas apenas para contemplação.
Resolvi não entrar e seguir pois a chuva ameaçava e o pneu não estava confiante. Pouco mais além, ele rasgou de vez e para não estourar a câmara, e comecei a peregrinação à pé. Peguei chuva umas 4 vezes em 3 horas, rs. Devia faltar uns 20km para Tangará, e empurrar a bike pesada fez eu sentir ainda mais o joelho. Tudo parecia dar errado... e eu tentava melhorar o pensamento, mas o dia estava tenso, e entendia que a carga sempre será maior... é para praticar mesmo, só assim para aprender.
Quando rodei 12 km, cheguei em um posto e pude recarregar o celular e mandar uma mensagem para Liceli, que enviou seu marido, Fábio, para me resgatar de caminhonete. Estava todo suado, sujo e precisava de um banho. Cara, que alívio. Chegando no Apê deles, a primeira coisa que ela falou foi: "haha, Jesus"... minha aparência talvez tenha mudado um pouco... kkkk. Fui logo tomar um banho e queria conversar com ela e sua família. Conheci também Luigi, seu filho de 3 meses, um amor de criança, que só ria para mim...
Estava com saudades, ela foi uma das pessoas que conheci em Maringá. Passamos parte da adolescencia e junventude curtindo os amigos juntos. Éramos um grupo grande de que gostávamos de nos reunir para rir, beber e tocar violão. Uma boa lembrança da minha passagem por Maringá, e ela é uma pessoa de coração muito bom... que sempre saía em defesa dos pobres e oprimidos, kkkk... sempre dava atenção para aqueles que estavam sofrendo. Tem sensibilidade. Ver ela nesta viagem também foi muito bom pois já completavam 700km que não via ninguém conhecido. Todo dia gente nova e nova gente.
Passei alguns dias em Tangará da Serra e pude conhecer a rotina da família e um pouco da região. Conheci em seu prédio, Murilo, que trabalha com produtos de nutrição e que gosta de aeromodelismo, e no meio da conversa me passou o contato de Zé Ricardo, da Biguá Aventuras. Procurei ele e conversamos um pouco sobre suas atividades no pesqueiro Piracema, onde conheci tbm sua esposa Aline e seu filho Caetano. Pude notar que está há vinte anos trabalhando para o desenvolvimento das atividades turísticas de aventura, meio isolado, mas não desistiu pois o amor aquilo tudo é maior. Não conseguimos fazer nenhuma atividade em rios mas trocamos informações e contatos. Me indicou vários pontos com potencial e prometemos nos rever em breve. Ainda me presenteou com uma camiseta da Biguá Aventuras.
Uma das indicações foi a Pousada Primavera, que pude conhecer graças ao empenho de Fábio. Putz, ele foi muito parceiro demais, e me auxiliou muito na passagem por Tangará. Visitamos o local que também era novidade para ele. Conhecemos a linda Cachoeira e as paredes de escalada que ali estão pertinho da pousada. Conhecemos também a Pedra Solteira que fica próxima à Pousada, na descida da Serra saída de Tangará para Nova Olimpia. Vários locais para desenvolver algumas atividades. A formação geológica não me parecia estranha, pelo que tinha visto na viagem até ali, achava que era continuidade do arenito, talvez metamorfizado, mas a rocha mais escura que arenito com poucas formações de cristais, o solo vermelho lembrava a região de Maringá... parecia magmática... mas ali? Preferia pensar que não... talvez uma variação do arenito... não sabia... e fiquei de pesquisar. E powwww... Formação Tapirapuã... uma faixa de derramamento de basalto que aflora na encosta da "Serra dos Parecis". Algo não tão comum, mas fiquei animado pois a rocha apresenta várias agarras.
Ainda em Tangará, pude conhecer a galera da Bike Shop, que me deu maior apoio para a continuidade deste trabalho. O contato inicial foi com Rodolfo que se mostrou muito prestativo, me dando altas dicas sobre as peças e sobre conservação das mesmas. A família inteira tem um histórico com bikes, seu pai (Adilson) já trabalhava no ramo há anos, e o irmão mais velho foi ciclista no exterior correndo por equipes de velocidade. Além de me forneceram peças e o serviço de revisão, me colocaram em contato com um cara muito gente boa. Rodrigo foi o responsável pela regulagem da bike e seu trabalho foi de primeira. Fazia tempo que estava precisando alguém que entendesse mesmo do assunto. Desde Porto Velho, quando passei na Rondobikes, não tinha visto tanto profissionalismo. Rodrigo ainda me convidou para almoçar com ele, e pude conhecer sua casa em uma chácara e sua família, e ainda me auxiliou financeiramente para que continuasse a trip. Putz, o cara foi demais. Queria agradecer à todos da BIKE SHOP que me dedicaram tanta atenção. Indico a todos que precisarem de serviços, peças ou orientação para suas bikes na região de Tangará, pode ir e falar com a galera que realmente entende do assunto.
Outro apoio que tive, foi com Murilo que preparou uma cesta da NutriCenter, com proteínas, energéticos, castanhas, barras de cereais... tudo que preciso para viajar de bike, já que não faço almoço, estes produtos, juntamente com frutas em abundâncias, ajudam a continuar firme na jornada. Conheci sua loja bem estruturada e tbm sua esposa que é a responsável pela administração. Conversamos bastante tomando terere e me orientou bacana sobre a região. Com sua paixão por aeromodelos e drones tem várias imagens lindas e edições (outra paixão) de sobrevoos inclusive do Salto das Núvens.
Conheci também uma galera, vizinhos e amigos da Liceli: Rodolfo, sua namorada Micaela e sua irmã Ana, que me presentearam com camisetas sintéticas de secagem rápida, ótimas para uma viagem assim. Eles têm uma loja em Tangará que faz parte de uma rede que já havia visto em outros lugares: Oba Oba. Foram vários presentes e apoios recebidos em Tangará, principalmente do Fábio e da Liceli, que chamo carinhosamente de "mãe" desde os tempos de Maringá. Desde a hospitalidade no seu aconchegante apartamento até os presentes e apoio financeiro tbm. Foram simplesmente sensacionais. Estava ansioso para conhecer sua família, com quem convive, e depois de tudo que vivemos, pude mais uma vez ter a certeza de que atraímos aquilo que somos. Ela atraiu para si, uma família e amigos lindos de coração. Conheci tbm dona Adelina que auxilia ela nos afazeres da casa, e é outra pessoa sensacional, batalhadora e que corre atrás do que sonha e com um baita coração. Exemplos de vida. Foi uma passagem mágica para mim e espero poder voltar em breve. Tive pouco contato com Andreia, que auxilia Liceli com Luigi quando ela tem compromissos, mas pelo cuidado com o pequeno, parece ser uma ótima pessoa tbm.
Foi um longo trecho e creio que este foi o que mais tive medo. Vários acontecimentos e vários testes para minha cabeça, mas tentei levantar o pensamento e enfrentar tudo de forma agradecida, pela experiência. Senti que no fim, a quantidade de pessoas boas que conheci e apoios que vieram, foram uma resposta a estas dificuldades. Em nenhum dos outros trechos tive tanto apoio e incentivo sem pedir. Queria poder agradecer e corresponder a este apoio, sei que chegará o momento, mas desde já, fica minha vibração para todos aqueles que me desejaram o melhor, para que eu consiga concluir meu projeto/sonho, que acreditem também nos seus. As dificuldades haverão, mas como um teste, nunca será maior do que o que se pode suportar. Quando me sinto só, sinto Deus em todo lugar, e tudo muda. Peço sabedoria para enfrentar as dificuldades e entender os sinais. Às vezes, não é o momento... enquanto isso, fazer o bem q o bem vem...
Sinop - MT, 04 de dezembro de 2014.
Trecho 7 (Vilhena - Tangará da Serra)