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Trecho 4 (Cujubim-OPO)

 

 
                Este trecho marca o fim da primeira etapa do projeto. Dos boulders em Cujubim até a região de Ouro Preto do Oeste, onde já existem algumas vias de escalada em morros com afloramentos de rochas. 
                Saí do hotel em Cujubim pela manhã do dia 07 de julho, em direção a Machadinho d'Oeste, onde encontraria Gabriel, outro amigo da Larissa. Eram aproximadamente 80 km e as informações que tinha era que nem tudo seria estrada de chão. Me enganaram, rs... Todo o percurso foi de muita poeira e acredito que foi o maior percurso entre cidades/vilarejos. Além de não encontrar nenhum indício de rochas naquela região o trajeto foi muito desgastante. Cheguei já no fim do dia em Machadinho e entrei em contato com Gabriel, mas ele ainda não estava na cidade e pediu para esperar meia hora.  Nesse curto espaço de tempo fiz a maior besteira do projeto. Depois de viajar o dia todo, comendo frutas, cereais e frutas secas, abri uma cerveja para comemorar a marca dos 1.000 km pedalando. Resultado: tudo o que colocava no estômago voltava. Vomitei duas vezes antes de jantar e tão logo Gabriel me encontrou já me levou ao hospital para tomar uma injeção. :/
                   A recuperação da ação impensada foi rápida. No dia seguinte já estava ingerindo alimentação tranquilamente e Gabriel me convidou para assistir ao jogo das semi-finais da Copa do Mundo de Futebol. O jogo? Brasil x Alemanha... Não estava acompanhando os jogos, mas sempre ficava sabendo dos resultados. E de fora, dá para sentir o humor dos brasileiros ao fim de cada jogo. Neste, em especial, novamente, procurei ficar apenas de observador, mas dava para compartilhar a angústia de todos. Creio que aqueles que realmente estavam torcendo se sentiram humilhados,  deu para sentir um pouco. Mas foi, talvez, o melhor para que nosso aprendizado fosse completo. Muitos exemplos para serem seguidos e alguns para serem esquecidos. Foi um fato para refletirmos por um bom tempo.
                   Na manhã seguinte, com certeza este seria o assunto mais lembrado nas rodas de conversas. Me despedi e agradeci ao Gabriel. Eu tinha que continuar mesmo com todo aquele clima de ressaca. Ainda não havia decidido onde pernoitar naquele dia, o jeito era pedalar. Novamente o trecho que não conhecia, mas agora com asfalto. Cantei muitas músicas nesta viagem, mas uma me fez refletir sobre sua letra e o quanto se encaixava com minhas experiências.
 
"Ando devagar por que já tive pressa 
E levo esse sorriso por que já chorei demais 
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Nada sei. 

Conhecer as manhas e as manhãs, 
O sabor das massas e das maçãs, 
É preciso amor pra poder pulsar, 
É preciso paz pra poder sorrir, 
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente 
Compreender a marcha e ir tocando em frente 
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou. 
(...)
Todo mundo ama um dia todo mundo chora, 
Um dia a gente chega, no outro vai embora 
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz 
E ser feliz.
(...)
Ando devagar porque já tive pressa 
E levo esse sorriso porque já chorei demais 
Cada um de nós compõe a sua história, 
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz."
 
                                Pedalei 100 km aquele dia e no fim da tarde, ainda não tinha decidido onde dormir. Já havia passado por Vale do Anari. Queria acampar aquela noite... Ficar um pouco só, fazer uma comida que vinha pensando... Um macarrão... Hummm. E quando parecia que seria complicado achar um lugar para acampar no escuro, meu desejo se realizou... Uma área gramada, com a base de uma casa demolida, toda em azulejo. Além de dormir no fofinho, tive quase uma cozinha para fazer meu macarrão. Foi uma noite maravilhosa. Um céu bem estrelado.
                  Somente quando clareou que pude ver realmente onde estava, pois encontrei o local já no escuro. Era próximo a um vilarejo (500m). Desarmei acampamento e segui. Estava há uns 20 km de Theobroma e queria chegar em Jaru. Meus pais me encontrariam lá. Eles estavam em Ji-Paraná e retornavam para Guajará. Também encontraria uma amiga que inclusive, trabalhou na AV conosco, Mariana Patrício. O combinado era almoçarmos juntos.
                      Faltando uns 10 km para Jaru, uma obra na rodovia atrasou meu percurso, a terra solta e a pista única me fizeram descer da bike e empurrar. Já era aproximadamente 13 horas quando um dos maquinistas que trabalhava ali, desceu do trator e correu para me entregar um marmitex. Ele colocou tanta energia naquela quentinha que não neguei. Liguei para Mariana e desmarquei o almoço que já estava atrasado, sentei em uma sombra e comi. No retorno da máquina, o brother ainda parou para me oferecer água. Mais uma alma boa que encontrei.
                   Em Jaru, peguei um hotel e esperei minha família. Jantamos juntos e no fim da noite, uma surpresa... Cantaram parabéns para mim com um bolinho no quarto do hotel, pois acreditavam que não estariam por perto no meu aniversário que já se aproximava. Ainda era dia 10 de julho, cinco dias antes, mas foi bem legal.
                      No dia seguinte, acordamos cedo, tomamos café juntos e eu parti rumo a Ouro Preto do Oeste, pegando novamente a BR 364. Outro fato engraçado, foi na saída de Jaru onde um motociclista me parou perguntando se eu não tinha pulseirinhas para vender.... kkkk eu devia estar igual a um hippie. 
                      Naquela manhã, muitas carretas, Sol e alguns boulders marcaram aquela pedalada. Muitas subidas e descidas. Na chegada em OPO, tentei entrar em contato com o Alexandre, que vinha para o interior com alguns familiares e amigos em uma van, para rapelar no Vale das Cachoeiras. Coincidiu de nos encontrarmos bem na entrada para Nova União. Deixei os alforjes e a mochila com eles na van, e decidi fazer uma pedalada mais leve até o vale. Encontraria eles lá. 
                             Neste percurso, agora bem na hora do almoço, foram 24 km de asfalto no qual eu pedalei me divertindo muito, para depois encarar mais 14 km de chão pesado que me perguntava se conseguiria fazer com toda a bagagem. Muita areia, trepidação e uma subida com desnível total de 200m me deixaram exausto. Meu trabalho psicológico com os cães teve um ápice neste trajeto. Dois enormes cães avançaram na minha bike com tanta ferocidade que não consegui manter a estratégia de não sentir medo. Quase me borrei (rss). Eles só pararam quando desci da bike e fiz que iria enfrentar eles com uma pedra na mão (rss). As experiências estavam dando certo... Até aquele ataque. Mas notei que só fizeram isso porque estavam em 2.
                             No percurso ainda, parei em locais que sempre quis parar, mas por estar de carro ou van, nunca tinha tempo... Tomei banho de rio, comi frutas vendidas na beira da estrada e parei para admirar a paisagem algumas vezes. Coisas que você consegue fazer com mais frequência de bike. No fim do trajeto, uma descida com o mesmo tamanho de desnível da subida fez meu corpo receber boas doses de adrenalina. Cheguei no Vale eufórico.
                                 Depois de um luau, um rapel na cachoeira e dois dias de descanso com pessoas super agradáveis, recuperei minhas energias e peguei uma carona de volta para Porto Velho com a van. Coloquei a bike no bagageiro e decidi ficar os próximos dias no descanso e preparação para o Mês do Montanhismo. Para não ficar totalmente fora de forma, o planejado era escalar no CT da AREM e treinamentos específicos na estrutra completa da Academia Adrenaline.
                                      Quero agradecer a todos que fizeram deste fim de semana, dias divertidos: ao Xande, Thathyane, Lígia, Mariana, Tarcísio, Roginho, Renata, Valdiane,  Gustavo, e fizeram o retorno a PVH muito engraçado jogando máfia. Fico aguardando agora o momento de retorno à estrada, depois de eventos e compromissos que me impedem de retomar esta aventura imediatamente.  As sensações sentidas nesse dias de pedal são impossíveis de transpor totalmente em palavras. "Passaria minha vida inteira viajando se tivesse outra vida para ficar junto das pessoas que amo!"
 
              Porto Velho, agosto de 2014.
 
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